sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Todo adolescente bebe

     Todo adolescente bebe. Bebe e fala para os pais que não bebe. Bebe mesmo ou na imaginação. Bebe muito, bebe pouco, alguns enchem a cara descaradamente. Bebe com ou sem grana, Bebe  um copo. Experimenta. Vira tudo da garrafa. Bebe pinga, vodka, bebe cerveja, bebe Ice. Afoga as mágoas infundadas com etanol no sangue. Perde a sanidade, a consciência, o limite. Funde o certo e o errado numa confusão de risos e besteiras, talvez algumas ações que provoquem arrependimento futuro.
     Bebe descontroladamente, socialmente, rapidamente para que ninguém veja. Depois da terceira dose tudo desce como água. Bebe do copo de um, do copo de outro, compartilha seu copo. Vai ficando tonto, vai rodando tudo, vai duplicando a visão. Bebe mais, está bem ainda. Bebe mais uma, duas, três doses. Vai enjoando, vai rodando, vai perdendo o equilíbrio.
     O celular toca, finge que está são e diz "sim, mãe, já estou indo". Anda rápido e cambaleante, entra em silêncio, toma um banho frio, vomita e dorme.
      Acorda meio dia, "bom dia, filho, como foi a festa?". Não consegue responder, pois alguém está martelando alguma coisa. Talvez seja o vizinho de novo, mas deve ser mesmo a cabeça. A ressaca. A amnésia. Entra na internet com uma incerteza galopando no coração. Encontra uma foto. Não se lembra de quando nem como aquilo aconteceu, mas quer que parem de martelar. Agora! Desliga tudo, come e toma outro banho. Passa tudo: a dor de cabeça, a dor nas pernas e a embriaguez. Ontem foi sexta, hoje é sábado. Dia de beber de novo. Talvez nem tenha mais fígado para beber na faculdade, mas fazer o quê? Somos inconsequentes, o que importa é o agora! Vai que eu morro amanhã?


Curtiram? Beijos!

Um comentário: