quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Folhetim - Capítulo #3: The End

      Olá, destinatários! Eu sei que demorei, mas vou cumprir minha promessa de postar pelo menos uma vez por semana.
      Devo dizer que tive grandes dificuldades para encaixar as músicas sugeridas na história, mas adorei o desafio. Não esqueçam que eu aceito sugestões 24h por dia pelo Facebook, publicamente ou inbox. Como não sei o que será de mim esta semana, não prometo nada até a próxima segunda ou terça-feira. 

      Aproveitem a terceira parte!

      ... Ele se levantou e deu alguns passos em direção à porta.
           - Essa... é outra pergunta errada.

Capítulo #3 – The End

      Annie acordou e de início não conseguiu enxergar. Ergueu-se cuidadosamente, com medo de bater a cabeça no teto ou algo do tipo. Nada. Não sabia se era uma boa ideia falar, mas suas opções estavam escassas.

      - Tem alguém aí?

      Sua voz soava rouca e oscilante. Ninguém respondeu, nem mesmo seu eco. Decidiu se levantar. Suas mãos buscaram apoio, mas ela definitivamente não esperava que um par de mãos grandes segurassem seus pulsos para ajudá-la a se levantar. Passado o susto, ela juntou toda a coragem que tinha para proferir mais uma frase.

      - Quem é?

      Sua pergunta era idiota, e ela sabia disso. Quem poderia ser se não o invasor que lhe havia apontado uma arma?

      - Seu admirador secreto.

      Ela não estava preparada para ouvir aquela voz de novo. Achara que estava, mas não estava. Os pelos de sua nuca arrepiaram-se, como se a voz dele pudesse tocá-la.

      - Você não vai me deixar sair, vai?

      Ela tentava ganhar tempo, esperando que seus olhos se adaptassem ao local, mas minutos se passaram e ela continuava sem enxergar nada.

      - Se vai me manter aqui, poderia pelo menos acender a luz?

      Ele se aproximou; ela podia sentir o frio que emanava de seu corpo.

      - Não posso. Estamos sem energia.

      - Conte outra!

      Suas mãos de gelo tocaram as dela. A voz glacial a congelou de dentro para fora.

      - Eu sequestrei você. Invadi sua casa, dei uma pancada na sua cabeça e agora você está aqui. Annie, você realmente pensa que eu estou disposto a discutir a veracidade do que eu digo, ainda mais sobre a eletricidade?

      Ele tinha razão. Annie soltou-se dele, o medo novamente roçando-lhe as paredes do estômago.

      - O que você pretende fazer comigo?

      - Essa é a questão: ainda não sei.

      - O quê? Como...

      - Não vamos nos adiantar, meu bem. Que tal conversarmos mais sobre eu e você enquanto penso?

      Annie não estava acreditando no nível de insanidade daquele momento. Tentou afastar-se mais, mas suas costas tocaram uma parede áspera. Depois de alguns segundos ouvindo apenas os sons da respiração de ambos, ela viu uma pequena faísca, que de repente de transformou numa chama singela. Pela primeira vez, ela viu o rosto dele, e por um segundo não soube se deveria ter nojo dele ou se era permitido admirar sua boa aparência e seu belo par de olhos pretos, olhos que ela tinha a impressão de conhecer. Ela olhou à sua volta, mas nada de novo lhe foi revelado; pareciam estar ali apenas ela, ele e a vela.

      - E então? – ele disse – Eu sei muito sobre você, mas creio que eu ainda seja uma incógnita, não é? Deixe-me começar.

      Ele se sentou no chão e esperou que ela fizesse o mesmo. Quando ambos estavam acomodados no carpete, ele respirou lentamente e a encarou. Um leve sorriso pareceu se formar, mas ele o conteve. Annie ficava mais apavorada a cada segundo, mas tentou não deixar transparecer. Ele começou a falar.

      - Meu nome é Victor. Nós nos conhecemos, na verdade. Cinco anos atrás, você se lembra?

      Annie esqueceu-se de seu plano de permanecer irredutível e arregalou os olhos. Victor. Ela não podia acreditar no que ouvia. Era difícil aceitar que um colega que havia – ou ela achava que havia – morrido cinco anos antes estava diante dela. Ao perceber sua reação, Victor baixou o olhar e deu de ombros.

      - Pode dizer que não se lembra. Pouco me importa, eu sei que você é a pessoa certa. Afinal, quem é que estava no meio do grupo de estudantes que me assistiu morrer? – ele fez aspas com as mãos. – Você.

      - De que você está falando? – O que ele dizia não fazia sentido; o único Victor do qual se lembrava tinha morrido num assalto enquanto andava com alguns colegas, incluindo ela mesma.

      - Já estou perdendo a paciência! – a súbita alteração em seu tom de voz fez com que ela pulasse de susto. – Será que você está tão acostumada a ver as pessoas que você conhece levarem tiros e depois sair correndo sem chamar a polícia que não lembra quem eu sou? Faça um esforço.

      - Eu nunca deixaria alguém morrer desse jeito! – Ela blefava; sabia muito bem que já deixara, uma ou duas vezes.

      - Diga o que quiser. Só não se esqueça de que eu estou no controle da situação agora.

      Ela suspirou, desapontada, e começou a procurar uma maneira de sair dali. Ele continuou falando como se ela ainda prestasse atenção.

      - Sinceramente, eu não sei o que passa pela cabeça de uma pessoa como você. Eu sou apenas um ser humano! Como você pôde? Nunca lhe ocorreu chamar ajuda? Salvar uma vida? Você nunca pensou no que poderia ter acontecido comigo? E a minha vida, meus planos? Todos arruinados, por sua culpa! Eu sei que havia outras pessoas, mas eu lembro exatamente o que aconteceu. Eu estava lá, caído no chão. Todos já estavam longe, exceto você. Você – ele enfatizou, apontando para ela com o indicador – chegou perto, olhou-me nos olhos e saiu. Por quê?

      Uma pessoa qualquer esperaria pela onda gigante de culpa prestes a vir. Annie, não. Ela era fria; tinha certeza de que aquela história triste não a comoveria. Na verdade, tudo o que ela conseguia pensar era “ainda bem que o tiro não me acertou”. Seu instinto de sobrevivência a diferenciava (e muito) dos demais. Victor ainda esperava pela resposta com um olhar ressentido.

      - Honestamente?

      - Estamos aqui para isso.

      - Eu deixei você lá porque não dou a mínima para o que acontece com a sua vida.

      Incrédulo, ele se levantou e a olhou com repulsa.

      - É mesmo? Pois bem. Agora já sei o que vou fazer com você. Vou obrigá-la a sentir.

      - Boa sorte com isso.


      Uma pontada de medo perfurou seu peito quando ela pensou no que ele faria em seguida, mas um clarão chamou sua atenção. Inicialmente, não conseguiu ver nada, mas depois seus olhos focalizaram e ela quase não acreditou no que viu.

-fim do terceiro capítulo-

E aí, o que será que ela viu?

A música da vez foi The End, do Pearl Jam, usada bem implicitamente. Ela foi sugerida pelo meu amigo e aluno Eric. Obrigada!

*lembrando que "The End" é apenas o nome do capítulo! A história continuará*

Não se esqueçam de dar a opinião de vocês e sugerir outras músicas, é claro!

Beijos!

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Criticar os atos alheios não é profissão

Olá, brilhosos!

Hoje não tive tempo de escrever a terceira parte do Folhetim porque passei a tarde fazendo algumas traduções, mas fui à escola (\õ/) e escrevi um artigo de opinião que me parece muito interessante. Espero que gostem.

Criticar os atos alheios não é profissão


      O que mais tem no mundo (além de formigas) é gente, seja isso algo bom ou ruim. Na última vez que esse tipo de informação chegou a mim, disseram-me que se tratava de algo em torno de sete bilhões. SETE BILHÕES! E ainda assim, há uma camada de pessoas, bichos e plantas marginalizada funcionalmente. Por quê? A resposta está, na maioria das vezes, na janela daquela sua vizinha fofoqueira ou na mesa daquele colega de trabalho que não aprendeu quando criança que certas opiniões devem ser guardadas para si.


      Não conseguiu de identificar? Pois bem, aí vai algo mais explícito ainda: Salvaram os beagles do Instituto Royal. Legal! Quanta coragem, colocar-se acima de algumas leis e sujeitar-se a sérias consequências por um ideal, certo? Certo? Para muitos especialistas em pitaco,  não, porque “temos que ajudar primeiro nossos idosos, moradores de rua, crianças, pobres, deficientes e afins”. Devo admitir que ainda há muitos seres humanos que não vivem exatamente como pessoas, mas isso não significa que as outras questões (ambiente, animais) deixam de existir até que tudo esteja “bem”, “sob controle”. Somos sete bilhões! Será que é muito difícil amassar e jogar fora a hipocrisia e fazer alguma coisa também? Pelo que eu sei, palpites desmotivadores nunca salvaram o mundo.



O que acharam? Lembrem-se de que esse é um artigo de opinião, não uma verdade absoluta :)

Comentários e/ou contra-argumentos são bem-vindos. Beijos!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Folhetim - Capítulo #2: Die Another Day

      Olá, colegas de vida! Para a alegria de todos (assim espero), voltei com o segundo capítulo da enrascada de nossa já querida e amada Annie. Será que ela vai pular do prédio? Confira agora nessa postagem J Agradeço desde já a todos que sugeriram suas músicas para esta segunda parte; mesmo que ao final tenha escolhido apenas uma, tenham certeza de que todas as canções aparecerão na história em algum momento. Novamente, apreciem com moderação.

... Annie respirou fundo, engoliu o sangue que estava em sua boca e olhou para o que acreditava ser o rosto dele.


Capítulo #2 – Die another day


   Definitivamente, revólver ganha de faca, por maior que seja esta. Ainda assim, o lado mais obscuro de Annie fazia perguntas. “Quem é este homem?”, “O que ele faz aqui?”. Se ela fossem em direção à chuva gelada, nunca saberia.
Então, juntando toda sua coragem e insanidade, abaixou-se, pegou o facão e encarou a criatura perversa que agora a encarava de volta.
      - Você quer a minha vida? Então temos algo em comum. Eu me recuso a morrer hoje. Aqui. Com você.
      Nesse momento, seus pensamentos enovelaram-se e seu coração genuinamente bom ficou negro.
     Quando percebeu o que estava fazendo, já estava na metade do caminho entre a janela e o assassino. Se alguém que ouvira seus pedidos de socorro chegasse àquela hora, seria difícil explicar quem era o predador e quem era a presa. Sem hesitar, Annie desferiu um golpe certeiro no meio do rosto dele. Bem, quase certeiro, pois quando tentou fazê-lo, ele se defendeu, e o facão fez nada mais que um talho em seu braço. Ao sentir que tinha batido no osso, ela recuou enojada e apavorada.
     Ele, é claro, usou isso para recuperar sua vantagem. Assim que a ânsia de vômito que havia tomado conta dela foi embora, Annie olhou novamente para onde o agressor estava e não o encontrou. Olhando bem, ele não estava mais no quarto. Ela não podia acreditar em como tinha vacilado.
      - Apareça, seu covarde! Apareça ou eu vou te cortar em mil partes!
      Sua voz soava agressiva, mas ela estava prestes a morrer de medo.
      - O que foi, está com medo agora?
      Ela deu um passo em direção à sala.
      - Deveria ter pensado nisso antes de invadir minha casa!
      Dois passos. Três. Quatro. Já estava no meio da poça de sangue que havia deixado ali.
      - Quem eu sou não te interessa – disse ele com voz de veludo.
     Annie deu um pulo e afastou-se dele rapidamente até que suas costas tocaram a parede rachada do outro lado da sala. Olhou-o de cima a baixo. Ele tinha apagado as luzes, então ela não podia ter certeza se o conhecia ou não.
      - O que você quer, então? – Apesar de ter medo da resposta, ela tinha que perguntar.
      Ele se aproximou lenta e assustadoramente. Seus passos vacilantes assemelhavam-se de alguma forma aos de um tigre que estava prestes a cravar os dentes em uma presa diminuta e indefesa. Nesse momento, Annie percebeu que não podia oferecer resistência. Quando ele parou a menos de meio metro dela, o facão escorregou pelos dedos dela até que sua ponta tocou o chão. Surpreendentemente, ela ainda era incapaz de enxergar as feições dele.

      - Essa, - ele esticou a mão, petulante, e afastou uma mecha de cabelos do rosto dela – é a pergunta certa.

Ele tinha cheiro de Éter e mais alguma coisa que ela não pôde identificar. Alguns segundos depois, os olhos de Annie fecharam-se contra sua vontade. Ela os abriu. O assassino estava cada vez mais perto.

      - Eu...

Estava ficando muito difícil manter-se acordada.

      - Quero...

Seus joelhos falharam e ela caiu no chão. O rosto dele bloqueou a pouca luz que ela ainda conseguia ver.
    
      - Você.

      - Por quê?

Ele se levantou e deu alguns passos em direção à porta.


      - Essa... é outra pergunta errada.

- Fim do segundo capítulo - 


E aí,o que acharam? Valeu a interminável espera de vinte e quatro horas? A música usada neste capítulo foi Die Another Day,da inconfundível Madonna. Sugestão da Lica Prado, minha colega do Movimento animal.

Não se esqueçam de manifestar a opinião de vocês, seja por comentários ou inbox (sim, estou no Facebook).

Muito obrigada por lerem. Beijos!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Folhetim - Capítulo #1: Smooth Criminal

                Olá, queridos leitores (espero tê-los; falar sozinha já está me aborrecendo). Aqui está o primeiro capítulo do meu (ou devo dizer nosso?) novo folhetim. Para quem não leu minha primeira postagem no Facebook, vou explicar-lhes novamente: Trata-se de uma história dividida em capítulos curtinhos que vocês poderão e deverão ler em tempo real (postarei num intervalo de no máximo sete dias). Cada um desses capítulos – não defini quantos ainda – levará o nome de uma canção e será baseado/inspirado nela. A playlist, é claro, será definida por vocês, raios de sol! Conforme eu for postando as partes, escutarei as faixas sugeridas por vocês e escolherei as que mais se adequarem ao rumo da história, então, escolham bem!

E agora, sem mais delongas, o início do início. Apreciem com moderação J


Capítulo #1 – Smooth Criminal

               Annie estava sozinha em casa. Nada de extraordinário, certo? Pois bem, deixe-me acrescentar um ou dois detalhes: Annie estava sozinha num apartamento no primeiro andar de um prédio que não tinha cerca elétrica. Esse edifício localizava-se na parte errada da cidade. Errada? Sim, erradíssima. Não seria exagero dizer que ela encontrava-se só numa terra sem lei, num local onde mata-se e morre-se a troco de nada.
               Annie limpava a sala. Chovia forte lá fora, o que era ao mesmo tempo reconfortante e assustador. Ela andava de um lado para o outro com seu aspirador de pó remendado, cantando e dançando uma música qualquer. Aquele par de fones de ouvido que lhe era tão precioso foi o que a condenou.
               Em seu momento de pura distração e euforia, não viu nem ouviu quando um homem alto, razoavelmente forte e diabólico entrou pela janela e a golpeou na cabeça. Na verdade, ela só sabia que era um homem pela voz, pois não perdeu tempo olhando para trás quando segundos depois acordou, levantou-se o mais rápido que pôde e cambaleou em direção ao único quarto que ali havia. Escorregou uma vez no próprio sangue, mas conseguiu chegar antes de seu agressor, que por algum motivo ainda estava parado no meio da sala.
               Annie queria trancar a porta, mas não tinha chave. Arrastou a pouca mobília que tinha – sua cama e um criado-mudo – e bloqueou a abertura. Colocou a cabeça para fora da janela e gritou por ajuda com todas as forças que tinha, mas ninguém a ouviria em meio àquela tormenta. Uma pancada na porta a deixou ainda mais desesperada, mas foi o tiro que a fez pensar na possibilidade de pular a estreita janela e sujeitar-se a algumas fraturas.
               Seu tempo estava esgotando-se, o agressor só podia ser de ferro. Menos de dois minutos depois, a porta já estava escancarada, e a figura de preto avançava lentamente em sua direção.  

               Apontou a arma para sua face. Annie encolheu-se e fechou os olhos.

               Clic.


               Silêncio. O assassino estava sem balas? Annie não podia se dar ao luxo de pensar. Enquanto ele ocupava-se de sua arma, uma escolha pairou em sua mente: pular a janela ou lutar? Ela já podia ver quase nitidamente o facão que geralmente deixava atrás de sua cama, agora caído no chão. Fugir ou ficar, fugir ou ficar...? Não havia mais tempo. Annie respirou fundo, engoliu o sangue que estava em sua boca e olhou para o que acreditava ser o rosto dele.

- Fim do capítulo - 


              E aí, gostaram? Não é o meu melhor texto, mas acredito que a história vai evoluir. Para os mais distraídos, a música que escolhi foi Smooth Criminal, do Michael Jackson.
                 Não se esqueçam de comentar e compartilhar essa primeira parte da nossa história! Caso queiram falar comigo, estou no Facebook.

               Beijos!